sábado, 24 de dezembro de 2011

Viagem a planície costeira da região de Bertioga(SP) com a disciplina Ambientes Sedimentares Quaternários do Litoral Brasileiro – FLG 5054 3/Dez/2011

1. Introdução, objetivos e métodos 

Este relatório refere-se a aula de campo da disciplina de Ambientes Sedimentares Quaternários do Litoral Brasileiro – FLG 5054 realizada do dia 03 de dezembro de 2011. Esta aula teve como objetivo reconhecer, em campo, alguns dos ambientes de sedimentação quaternários da planície costeira bem como a introdução das vegetações características da região. Para isto foram efetuadas paradas dentro do condomínio Moradas da Praia em Boracéia, na praia de Boracéia e no Parque Estadual Restinga de Bertioga. Nesses locais foram discutidas características de diferentes unidades geomorfológicas, dos sedimentos (granulometria, cor e composição mineralógica), pedogênese, biota, cronologia e deriva litorânea (praia de Itaguaré).
Além disso, nesse relatório é acrescentada a interpretação de feições geomorfológicas regionais a partir de imagem do Google Earth.

2. Pontos de parada

2.1. Entrada do condomínio Morada da Praia - UTM: 23K 411984 – 7372353
Local onde se encontra o antigo posto pluviométrico utilizado para analisar o balanço hídrico da região da planície costeira e encosta em conjunto com outros postos regionais.

2.2. Terraço Fluvial Pleistoceno - UTM: 23K 411067 – 7376955
Riacho localizado em terraço fluvial pleistoceno em floresta de alta restinga. Os sedimentos pleistocênicos aluviais encontrados são correlatos a Formação Cananéia. Na margem direita do riacho olhando a montante foi analisado perfil conforme mostrado na fig. 1. Nesse perfil é observado um aumento do diâmetro médio dos grãos a partir da base (leito do riacho) até o topo (solo). O solo apresenta coloração muito escura. Essa margem apresenta provavelmente sedimentos depositados em planície de inundação de idade pleistocênica com notável pedogênese. O leito do riacho apresenta cascalhos e areia grossa constituídos de quartzo e feldspatos e outros minerais não identificados. No leito aparecem marcas onduladas. Já a outra margem (fig. 2) apresenta apenas sinais de pedogênese muito recente com fina película de solo. Essa margem constitui-se de sedimentos de barra arenosa de grãos médios a grossos indicando condições de deposição de maior energia que da outra margem. Ao longo do riacho é possível ver algumas barras de pontal (Fig.3).

Fig. 1. Perfil da margem direita do riacho a montante em UTM 41167 - 73765955. Região de floresta alta de restinga. 1) Horizonte “A” de solo de aprox. 0,1 m. 2) Horizonte “B” de solo de cor marrom escura de aprox. 0,6 m de areia fina a média com alguns minerais perceptíveis a olho nú como biotita, mica e quartzo. 3) Horizonte  de solo de cor ocre de aprox. 0,5 m de areia muito fina a fina com pouca quantidade de silte e argila. 4) Horizonte de transição solo/sedimento de cor acinzentada de aprox. 0,4 m composto de argilas siltosas. 5) Sedimento argiloso de cor ocre claro.



Fig. 2. Margem esquerda do riacho a montante de areia média a grossa com presença de quartzo e biotita.

Fig. 3.  Barra de pontal avistada a menos de 50 m a jusante dos pontos anteriores.


2.3. Floresta Paludosa - UTM: 23K 411222 – 7376900
Consitui-se de depressão paleo estuarina-lagunar onde o rebaixamento do terreno promovido pela ação do homem encontra o lençol freático. É caracterizada por sedimentos pelíticos e presença de caxetas (fig. 4).

2.4. Contato Terraço Holocênico-Baixo Pleistocênico - UTM: 23K 412186 - 7372571
Após essa parada seguimos em ônibus passando pelo contato suave do terraço holocenênico com o terraço baixo pleistocênico.

Fig. 4. Floresta paludosa assentada em depressão paleo estuarina-lagunar.

2.5. Terraço Holocênico - UTM: 23K 412986 – 7372891
Antigo cordão litorâneo formado em fase regressiva do último evento transgressivo/regressivo do Holoceno (cerca de 5.000 anos A.P.). O pacote constitui-se de camada fina de solo, de sedimentos de área fina seguida de camada com processos de podzolização. A transição entre o solo e os sedimentos é gradual, não abrupta com presença de piçarras. A formação das piçarras está condicionada a percolação intersticial até o limite do lençol freático (Fig. 5).  A partir do horizonte “A” do solo, encontra-se um horizonte “E” álbico. Na parte inferior do perfil, encontra-se um espodossolo formado pela eluviação de compostos de alumínio e  ferro com presença de material orgânico.

Fig. 5. Perfil de terraço holocênico. 1) Horizonte "A" de solo de aprox. 0,1 m. 2) Horizonte "E" álbico de aprox. 1,1 m  constituido de areia fina clara. 3) Podzosolo de areia fina mais escura.

2.6. Praia de Boracéia - UTM: 23K 412452 – 7372444
Praia intermediária/dissipativa com presença de rampa praial (Fig. 6, 7) a partir de onde se encontra vegetação pioneira (Fig. 8) seguida em direção ao continente de scrubs e floresta alta de restinga. Nota-se a presença de pellets na região de pós praia.

Fig. 6. Praia de Boracéia. 1) Rampa praial com vegetação pioneira e início da presença de scrubs. 2) Scrubs. 3) Floresta alta de restinga.


Fig. 7. Rampa praial erodida pelas ondas.

Fig. 8. Vegetação pioneira na região da rampa praial, ipomea.

2.7. Parque Estadual da Restinga de Bertioga – Estuário do Rio Itaguaré - UTM: 23K 400994 – 7369917
Na desembocadura do Rio Itaguaré considera-se, no momento da observação, haver um ponto de convergência de correntes de deriva litorânea de duas direções opostas. Isso seria devido, principalmente, aos esporões encontrados em lados opostos da desembocadura com orientação de crescimento opostas e a incidência de ondas proveniente de W-WS na parte mais a NE da praia (Fig. 9). Ao lado da desembocadura encontra-se vegetação pioneira seguida de floresta de alta restinga (Fig. 10)

Fig. 9. Praia de Itaguaré com orientação aproximada NE – SW na região de desembocadura do rio Itaguaré.  Esporões (lineados em preto) com orientação de acreção opostos podem eventualmente indicar zona de convergência de deriva litorânea.

Fig. 10. Vegetação pioneira seguida de floresta de alta restinga.

Seguindo na praia no sentido SW encontram-se falésias pleistocênicas, não comuns no estado de SP, com presença de tubos de Callichirus (Fig. 11,12).








Fig. 11. Falésias pleistocênicas  (de acordo com a Célia) em contato com o Rio Itaguaré.



Fig. 12. Tubos de Challichirus na base do contato da falésia pleistocênica (?)  com a praia.

3. Imagem regional Google Earth
            A imagem do Parque Estadual da Restinga de Bertioga foi obtida através de mosaico de imagens de satélites de 2009 no Google Earth (fig. 13). Através da ferramenta de elevação topográfica do Google (fig. 14), foi possível obter as diferentes cotas na região. Embora esse seja um recurso que fornece dados aproximados, através dele foi possível fazer a divisão de dois terraços pleistocênicos (B e C, fig. 13).











Fig. 13. Imagem Google Earth de 2009. A) Planície de inundação. B) Terraço pleistocênico de cota entre 14 e 18m. C) Terraço pleistocênico com cotas maiores que 19 m. O contorno azul escuro indica as principais drenagens. O contorno azul claro indica possíveis caminhos de drenagem, a partir de análise da imagem.


Fig. 14. Imagem Google Earth de 2009 mostrando a funcionalidade do perfil de elevação topográfico. O perfil acompanha a linha azul (possível drenagem) a direita, aproximadamente N-S. O ponto equivalente no diagrama (marcação 14 m) indicaria o limite entre os dois terraços.
Entrada para a praia de Itaguaré da Rio-Santos



Itaguaré

Dani e Nery






Viagem a Pinheira - 18 a 21/Dez

Viagem com Giannini, Helena e Vinícius para visitar Patrick Hesp que estava há mais de 2 meses em Pinheira. Hesp tinha interesse em mostrar para o Giannini alguns afloramentos  e discutir a possibilidade de neotectônica na área.
Praia da Pinheira, ao sul da Ilha de Santa Catarina. O canal com  a ilha já esteve fechado ?

Manhã do dia 19-Dez, antes das 7h. 

Rua do centro que leva a praia

1o. contato com a areia


Início do trabalho anual dos tratores para tirar a areia acumulada na  proto duna frontal em frente as residências.

Todo ano, antes do período de férias

Pelo menos a areia é jogada de volta para a praia. O trator age como um evento de tempestade.

Invasão da areia (ou dos empreendimentos??)

Pequeno oásis 




Mais areia

Caminhando mais para o norte aparecem as primeiras frontais "intactas"

Ferradura


Parte mais preservada da praia, apesar da plantação de pinheiros

Vegetação pioneira, ipomea

Logo em seguida, caminhando no sentido do continente aparecem os scrubs

Marcas onduladas

Baixa declividade, praia intermediaria



Frontais, com laminação plano paralela com pequena inclkinação










De volta ao Hotel Santos

1o. afloramento - Rio Madras - Cordão ou Lagunar ? Aparentemente pedogênese, mas Hesp acredita que seja lagunar. Coleta de amostra para LOE.










Paleolaguna ?









Ondulações de cordões

Cruzando a estrada

Helena

2o. dia. Afloramentos de cordões e parabólica ?



Cordão

Paleolaguna ?







Cordão

Cordão de aprox. 5 m, seguido de swale



Andando na frontal


Tropa

Possível parabólica sobreposta a duna frontal





Região de cordões próximos a encosta




Coluvio deslizado